terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Olhos Onde Surge O Amanhã

O Sport Club Internacional é uma instituição centenária mas com tradição de ser pioneiro nas sua decisões. Esta característica surgiu já na sua fundação, ao ter uma abrangência internacional quando outros clubes restringiam a prática esportiva para uma única nacionalidade. 

Tem uma tradição de longa data na formação de atletas nas suas categorias de base, foi o clube que melhor se adaptou à nova legislação (Lei Pelé) no que se refere a contratos de jogadores e investiu no crescimento do quadro social para aumentar seu faturamento.

Entretanto ser um clube de vanguarda é ter a missão de estar sempre à frente dos demais concorrentes. O que era diferencial competitivo deixa de ser a medida que outros concorrentes vão seguindo o modelo e copiando os exemplos.

É o que está ocorrendo no futebol brasileiro. A maioria dos grandes clubes estão investindo no aumento do quadro social. Além disso, clubes do centro do país considerados mais representativos em número de torcedores têm tido facilidade no fechamento de contratos de patrocínio e cotas de TV. 

Em vista da forte concorrência nacional e da desleal concorrência externa com equipes da Europa e de outros mercados como a China, é preciso gerir de maneira mais eficiente os recursos existentes e buscar outras fontes alternativas de receitas. É preciso ter “olhos onde surge o amanhã” para chegar primeiro onde ninguém ainda chegou.

Está em discussão no Conselho Deliberativo (CD) colorado o novo Estatuto do Inter. Entre muitas inovações para se adequar a legislação e aos novos tempos, existe o tema forma de gestão. Trata-se da mudança do atual modelo presidencialista centralizador para uma forma mais moderna e alinhada com as boas práticas de governança corporativa com a criação do Conselho de Administração (CA). 

Não tenho a pretensão de teorizar sobre conceitos de governança ou desenho ideal sobre modelo de Conselho de Administração, senão externar um debate que está ocorrendo no âmbito interno do Clube. O objetivo desta mudança é preparar o Inter para o futuro, dar perenidade às ações e proporcionar mais transparência e segurança nas decisões.

Alguns palestrantes que passaram pelo CD alertaram que a simples mudança não é garantia de sucesso mas que pode sim significar um risco menor de fracasso. Além do Conselho de Administração, é necessário que exista um Planejamento Estratégico (PE) muito bem definido, com objetivos claros, estabelecimento de metas mensuráveis e acompanhamento periódico dos indicadores. O PE aponta para o futuro definindo onde se pretende chegar e define as ações para atingir o objetivo perseguido. Como disse o conselheiro convergente Humberto Busnello “o Conselho de Administração é o guardião do Planejamento Estratégico”. Cabe a ele acompanhar o fiel cumprimento das ações previamente definidas. 

Com o Conselho de Administração a gestão passa a ser estratégica, sistematizada e mais transparente. Trata-se de um pilar fundamental da moderna governança corporativa. Além de zelar pelo cumprimento do planejamento o Conselho deve intervir para evitar decisões precipitadas de curto prazo que possam comprometer metas futuras. Motivados por resultado de curto prazo, um presidente pode tomar uma decisão de forma individual que compromete a viabilidade de futuras gestões. A governança corporativa visa garantir a perenidade da organização em detrimento de objetivos efêmeros. 

Não existe um modelo de CA ideal e pronto para um clube de futebol como o Inter. É preciso copiar, adaptar, testar, fazer mudanças quando necessário até se chegar mais próximo do desejado. Boas práticas de governança apontam para um Conselho de Administração formado por 5 a 9 conselheiros que devem ser eleitos eleitos pelos sócios. É recomendável que o Conselho seja constituído por profissionais com expertises diferentes como finanças, contabilidade, inovação tecnológica e ter capacidade para administrar crises, além de habilidade de trabalhar em equipe. 

Se ainda não existe um modelo pronto e acabado, isso não significa que não se deve dar o primeiro passo. Ser vanguarda é aceitar o desafio de trilhar novos caminhos para desbravar lugares nunca antes exploradas mas cheio de recompensas para chegar primeiro. Por ora, o desafio é do CD em aprovar o Conselho de Administração para dar mais estabilidade à gestão do Inter.


Adir Carlos Rodrigues 
Sócio colorado desde 1999, matrícula 004406.00 e conselheiro desde 2006. Graduado em Administração, Pós-graduado em Segurança da Informação, Servidor Público Federal. 
Twitter: @adirpoa


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer contato que se faça necessario, por favor envie um e-mail para conv.colorada@gmail.com