sábado, 23 de agosto de 2014

É para frente que se anda

Em 30 de agosto, os associados do Inter votarão proposta de reforma do estatuto do clube. Votação esta que chega com um atraso de mais de 12 anos, apesar da relevância de alguns temas pendentes. O debate entre o possível e o ideal é rico e necessário, sob pena de termos um clube (novamente) estagnado — como em décadas passadas.

Ainda que eu tenha recebido a incumbência da relatoria desse projeto, fui voto vencido na maioria das deliberações. Isso me deixa em posição mais confortável para defender a aprovação do projeto, uma vez que ainda que esteja longe do (meu) ideal, contém avanços políticos, democráticos e jurídicos relevantes. Principalmente: a queda da cláusula de barreira na eleição para presidente do clube é significativo no progresso democrático e de participação dos associados. O que era exceção passa a ser regra: a democracia direta.

Outros pontos relevantes do projeto disponível para consulta no site do clube: a limitação de reeleições do presidente (atualmente inexiste qualquer restrição); o direito a voto dos sócios do Parque Gigante, a reordenação dos dispositivos do estatuto, agora sistematizados; a valorização do Regulamento Geral do clube e regimentos internos, a possibilidade de autorizar remuneração do presidente, desde que esteja no Regulamento Geral do Clube e dentro dos limites legais (dedicação exclusiva e remuneração não superior a 70% do teto do salário do servidor público do Poder Executivo Federal); além da própria adaptação da competência de Assembleia Geral para alteração do Estatuto.

Se aprovado o projeto, no próximo biênio o Conselho Deliberativo terá a missão importante de readaptar os instrumentos normativos internos, principalmente seu próprio Regimento, além do Regulamento Geral de Sócios e Código de Ética.

Além disso, também é fundamental o debate e o avanço quanto as melhores práticas de governança corporativa, com decisões estratégicas tomadas de forma sistematizada e organizadas em um Conselho de Administração efetivo; a profissionalização ética e eficaz evitando-se a mera contratação de parceiros políticos para as atividades executivas do clube, além de tantos outros temas importantes.


Em síntese, são diversos os passos que o Inter deve dar se pretende ser vanguarda do futebol brasileiro, americano e mundial, mesmo sendo um clube de fora do eixo político-econômico do país. Não podemos esperar por um Estatuto ideal (que é uma análise subjetiva), tão pouco imaginar que com os avanços democráticos e da derrubada do mito da convocação da Assembleia Geral demoraremos outros 12 anos para discutir novas alterações.

Nós associados desse clube de indiscutível grandeza poderemos indicar no próximo dia 30 se pretendemos um Internacional estagnado e fechado a mudanças, ou um clube de excelência, focado em ser líder e sem medo de dar este que é (apenas) um primeiro passo.

Texto publicado originalmente no jornal Zero Hora, em 23/08/2014


Guilherme Mallet 

Sócio do Sport Club Internacional, integrante do Conselho Deliberativo do Clube desde 2008. É coordenador do movimento Convergência Colorada e foi relator do projeto de Reforma Estatutária do Inter. Atua profissionalmente como advogado.

Facebook: guilhermemallet

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer contato que se faça necessario, por favor envie um e-mail para conv.colorada@gmail.com