quinta-feira, 8 de maio de 2014

Por que não o meio termo?

Foto: Israel Heldt

Não é nenhuma novidade que a taxa de ocupação dos estádios no Brasil bem como a quantidade absoluta de expectador por partida é baixa se comparada com ligas de outros países. Se o parâmetro for a Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), Ligue 1 (França), La Liga (Espanha) e Major League Soccer (EUA) a diferença é gritante. No entanto estamos abaixo de ligas menos tradicionais como a Liga MX (México) Chinese Super League (China) e, pasmem, Championship (segunda liga inglesa). A seguir, uma tabela com dados apresentados pela Pluri Consultoria sobre o ano de 2013.

Liga
Público médio
Taxa % de ocupação média
Bundesliga (Alemanha)
42.646
95
Premier league (Inglaterra)
35.921
95
La Liga (Espanha)
28.616
83
Major League Soccer (EUA)
18.845
91
Liga MX (México)
24.245
53
Chinese Super League (China)
18.740
44
Champoionship (2ª Inglesa)
17.660
67
Brasil
14.950
38

São vários fatores que influenciam na presença de público nos estádios. Podemos apontar entre outros fatores a falta de segurança, dificuldade de acesso, qualidade dos estádios, qualidade do espetáculo e valor cobrado. A que se considerar também que o ano de 2013 foi um ano atípico para o Brasil. Vários estádios estavam sendo reformados, entre eles o Beira-Rio, e os clubes mandaram seus jogos em outras praças. No entanto, os números de anos anteriores mostram que não houve grande diferença. Com a construção de novas arenas e reformas de outras tantas para sediar a Copa de 2014, esperava-se que este ano houvesse um aumento considerável dos públicos nos jogos do Campeonato Brasileiro. Não foi o que aconteceu nas primeiras rodadas. Tivemos público e taxa de ocupação ainda muito baixa. Parece que o fator “novidade” não foi suficiente para alavancar estes dados.

Embora alguns indicadores permaneçam inalterados, como segurança (ou falta de) e qualidade do espetáculo, houve uma melhora no conforto oferecido nos estádios que veio acompanhada de um aumento no custo. Não me refiro apenas ao valor dos ingressos, mas também ao valores praticados no serviço de “catering”, anglicismo usado para designar serviço de comidas e bebidas oferecido nas novas arenas. Embora tenha havido certa melhoria no serviço oferecido, o poder aquisitivo do brasileiro permanece o mesmo. Pelo que ser percebe nestas primeiras rodadas, os Clubes não conseguiram chegar a um ponto de equilíbrio na equação público x preços praticados. Além do desequilíbrio bastante claro, os números do campeonato brasileiro da última rodada, mostram também um diferença de estratégia na definição dos preços. Há Clubes que optam por praticar valores mais caros em detrimento da quantidade de expectadores e outros que optam por ter públicos maiores com receitas proporcionalmente inferiores. A seguir apresento dados do programa “Redação SporTV”.


Jogo
Preço médio R$
Público
Renda
Fluminense x Vitória
13,55
44.875
609.195
São Paulo x Coritiba
16,45
31.886
524.420
Internacional x Sport
34,30
17.974
616.625
Flamengo x Palmeiras
46,76
16.318
763.125

Embora o valor praticado não seja a única variável, salvo melhor juízo, acredito ser o principal fator na definição de público. Principalmente no início do certame em que o aproveitamento de cada equipe não é primordial na motivação de ir ao estádio. Diante disso, defendo a ideia de que os Clubes precisam estar atentos a estes dados bem como devem definir sua estratégia em priorizar a renda ou público, na definição do valor dos ingressos. Como torcedor colorado, gostaria de abrir este debate em relação ao Inter.

Percebe-se que a direção colorada optou pela renda em detrimento do público. Diferente do Fluminense que fez a opção oposta. A mim parece uma estratégia equivocada que pensa tão somente no imediatismo. Prioriza o lucro ao invés de valorizar seu torcedor, razão maior da existência do Clube. Sobretudo os sócios da categoria “Campeão do Mundo” que permaneceram fiéis durante todo o período em que o Beira-Rio esteve fechado para reforma. Para os torcedores não sócios, preços altos desestimulam a ida ao estádio. Preço mais acessível leva mais público ao estádio, torna o espetáculo mais bonito e empolgante, fideliza o torcedor, fazendo com que ele retorne outras vezes, podendo se transformar em sócio. Sem contar que potencializa o consumo de produtos licenciados e serviços ofertados. Não tenho a pretensão de ser o dono da verdade e afirmar que o preço praticado pelo Fluminense é o ideal e tampouco que o Internacional está totalmente errado. Apenas gostaria de levantar o questionamento se não seria este o momento adequado para buscar um ponto de equilíbrio entre o valor do ingresso a ser praticado pelo Inter e o valor que o torcedor está disposto e em condições de pagar. 

Por que não o meio termo?


Adir Carlos Rodrigues 
Sócio colorado desde 1999, matrícula 004406.00 e conselheiro desde 2006. Graduado em Administração, Pós-graduado em Segurança da Informação, Servidor Público Federal. 

 "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o ultimo instante seu direito de dizê-la" (Voltaire). 

Twitter: @adirpoa
Facebook: Adir Carlos Rodrigues

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