quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A deficiência de projetos em estádios de futebol: pontos cegos

Por Juliano Gewehr, engenheiro, 30 anos, conselheiro do Sport Club Internacional

Algumas semanas atrás estive em Belo Horizonte a trabalho. Justamente naquela semana que o Inter perdeu de 3 x 1 para o Atlético-MG. Como colorado doente, não pude deixar de ir ao jogo. Só que fui no meio da torcida do Galo, já que a parte para a torcida visitante estava um tumulto e eu fui acompanhado de colegas de trabalho de Minas. Enfim, o jogo valeu pela queda do fraco Dorival Júnior do comando da equipe colorada. Servirá um dia para darmos risadas das desgraças passadas, da mesma forma que hoje rimos quando lembramos do arremesso de erva-mate no Lori Sandri, da passagem do Joel Santana, do Zé Mário e seu genro perna-de-pau, etc.

Bom, voltamos ao presente. O que me chamou a atenção nesse jogo além do desequilíbrio emocional do experiente D´Alessandro foram as deficiências de projeto do tradicional Estádio Independência. Localizado em um bairro residencial, com ruas estreitas até mesmo para o fluxo de pessoas em dia de jogos, de subidas íngremes (parecido com a subida da Lucas de Oliveira, em Porto Alegre) o Estádio chama a atenção a medida em que vamos aproximando. Reformado, bonito e totalmente coberto. Porém, ao entrar, a surpresa se torna uma decepção.


Simplesmente fizeram um projeto que proporciona pontos cegos para mais de 6 mil assentos, localizados nas arquibancadas superiores. Sentado em sua poltrona, o torcedor enxerga uma barra de metal (foto). Não resta outra alternativa a não ser assistir o jogo de pé. Mesmo assim, não se consegue enxergar a linha lateral e uma faixa de 1 metro para dentro do campo. Teve um lance que o Guiñazú quase partiu um adversário ao meio e eu não vi, olhei apenas no reprise do dia seguinte.


Cerca de 24% das arquibancadas do Independência possuem pontos cego, já que a capacidade total é de 25 mil pessoas. O estádio, que pertence ao América-MG, foi construído para a Copa do Mundo de 1950 e, em 2010, começou a reforma que durou dois anos e quatro meses, ao invés dos oito meses previstos inicialmente. O custo da obra, que era estimado em R$ 44 milhões, acabou sendo de R$ 125 milhões, bancados por uma parceria entre estado e governo federal. Um exemplo do desperdício de dinheiro público deste país.

O Beira-Rio, felizmente, não terá esse problema, pois o contrato firmado entre Inter e Andrade Gutierrez prevê a reforma segundo as normas técnicas exigidas pela FIFA. De acordo com informações do Clube, as novas arquibancadas ficarão mais perto do campo e em um nível mais elevado, impedindo qualquer ponto cego.

Antes da demolição das arquibancadas inferiores o Gigante sofria com pontos cegos em determinados locais, embora um ex-vice presidente de patrimônio da gestão Vitório Píffero afirmava que o Estádio estava em condições para a Copa do Mundo (na época havia até arames farpados na mureta da inferior). Para quem estivesse nos primeiros degraus da arquibancada inferior havia obstrução de visão devido a altura das placas de publicidade. Do lado da social, a casamata dos times também era um obstáculo. Hoje, com o Beira-Rio em reformas, as cabines provisórias para imprensa e as hélices de perfuração de solo acabam atrapalhando a visão de quem está na arquibancada superior.

Para finalizar, o Independência poderia muito bem figurar naquela lista que circula na internet dos piores lugares de estádio do mundo. Confiram: http://uolesporte.blogosfera.uol.com.br/2011/09/15/blog-indica-piores-assentos-de-estadios-pelo-mundo-e-destaca-arena-da-baixada/

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