domingo, 10 de julho de 2016

Pensar o Clube, não pessoas.

Mais uma vez, o comum e previsível. De que vale o currículo de passado vitorioso se não for para transformar em um mínimo de credibilidade para fazer boas escolhas e poder dar sequencia a um trabalho? Após 61 jogos, Argel "não é mais técnico do Inter". Basta colocar esse trecho entre aspas no Google ao lado do nome dos nossos últimos treinadores para vermos a repetição praticamente anual da mesma história.

O problema não é pessoal. Não é culpa exclusiva do atual presidente, mas de uma mentalidade reinante no mundo do futebol que iguala críticos e criticados. Mentalidade que entende futebol como mera escolha de um conjunto de jogadores, tal como garotos que escolhem seus times no colégio. Mentalidade das soluções mágicas, dos fatos novos, do chute na porta do vestiário. Mentalidade da "velha guarda" - que independe da idade - com notórios "jovens", sub-50 e até sub-40 defendendo-a.

Argel é apenas mais um e não será o último. Afinal os atuais críticos têm a mesma mentalidade e fariam o mesmo. Farão o mesmo no futuro. Eu vejo, senhoras e senhores, "o futuro repetir o passado". Falcão, 18/07/2011; Dorival, 20/07/2012; Aguirre, 06/08/2015, Argel, 10/07/2016... O começo do Brasileirão é sempre o momento de adequar nossos sonhos com a realidade.

Preocupa, agora, que o Inter busque recomeçar um novo trabalho de curtíssimo prazo. Acaba de comprometer alguns milhões em contratações dentro de um determinado sistema de jogo e vai ao mercado buscar treinador provavelmente com visão de jogo diferente. Ariel, por exemplo, foi contratado para aproveitar as diversas bolas cruzadas na área e pouco aproveitadas pelo Inter. Entretanto sua estreia foi o último jogo do treinador que implementava esse modelo. Quem chegar terá que montar time sem pré-temporada, sem conhecer direito o elenco.

O erro de começar uma temporada sem objetivos claros, a não ser os sonhos de ganhar tudo, não é de uma pessoa atualmente possuidora de mandato dos sócios para mandar no Clube. Não se trata de defender, mas de ir além. Está na hora de aprofundar o debate e superar essa fulanização. Achar que "trocar o fulano", seja ele presidente ou treinador, é uma solução aceitável. O torcedor que discute os problemas do Clube com base em mera "troca de presidentes", é o mesmo que, depois de eleito, mantém a lógica na "troca de treinadores". Não são as pessoas, mas o que elas fazem, pensam e se comprometem. Quem quiser colaborar, precisa aprofundar os seus conceitos. O Inter precisa disso.

Guilherme Mallet
Porto Alegre, 10 de julho de 2016.

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