domingo, 8 de dezembro de 2013

O Voo da Galinha

Sou Colorado, sempre fui. Sou grato pelo que meu pai fez por mim. Me tornei um colorado e dividi com meu avô esta façanha. Ele falava de um Internacional matador, e também da disputa entre o Colorado e o grande Atlético Mineiro que nos idos de 70 e poucos era um grande time. E tínhamos um Internacional que os outros respeitavam, que do alto dos ombros do meu pai, vi ser tricampeão brasileiro invicto com aqueles caras cabeludos dando alegria à torcida.

Vi um Internacional sendo colocado pela mídia de oito anos atrás como favorito em quase todos os brasileirões, porém nunca o vi ser um time decisivo. Vencemos muitas competições internacionais, inéditas, gloriosas, de incomensuráveis modificações na década de ouro colorada e que nos dá hoje a possibilidade de ostentar taças sonhadas e não por isso inimagináveis, mas quase. Isso nos levou a um patamar singular no Brasil em número de sócios, além de que em breve, teremos um dos mais belos estádios do mundo no coração da capital do Mercosul. Isso deve ser muito bem aproveitado.

Porém, todas as nossas façanhas, conquistas, batalhas e troféus colecionados não nos bastaram para criar um modelo de gestão de futebol, não nos bastaram para acertarmos a mão na construção de uma equipe para disputarmos um dos principais campeonatos do planeta futebol: o Campeonato Brasileiro e seus míseros 38 jogos.

Só que mais um ano esperamos pelo voo da águia e recebemos o voo da galinha, infelizmente.

Todos os anos somos levados a crer que “agora vai” e que “estamos montando uma equipe forte”, mas no final de 6 meses nos deparamos com o voo da galinha. Insuficiente para cruzar a cerca de casa, a galinha não oferece resistência e se torna uma presa passível aos ataques.

Representamos mais uma vez, as galinhas neste brasileirão, não somos uma equipe organizada e sucumbimos diante do poderio de equipes águias, que flutuam na ponta de cima da tabela e tendo que olhar para baixo para nos avistar. Não somos capaz de nos tornarmos uma equipe e somos um amontoado de craques, pois certamente, temos há vários anos a prerrogativa de montar grandes grupos que não obrigatoriamente se tornam uma equipe de futebol. E não quero acreditar que vencemos outras competições, sem saber por quê, e por isso não aprendemos nada.

Equipes de futebol, podemos dizer, são águias ávidas por vencer, por destruir seus adversários e curtirem esse sabor de vitória. O meu clube está longe de ter o sentimento de Águia dentro do seu plantel. Tanto faz vencer ou perder. O resultado para a equipe será o mesmo. Nada muda. Assim nos tornamos galinhas...

O que visivelmente acontece é que perderam medo do Internacional, pois quem tem medo da galinha? Ninguém, e amargamos derrotas para Náutico e Bahia em casa, e empates patéticos com outros clubes como Portuguesa, Ponte Preta,...

Lembro do campeonato da Libertadores do Corinthians e do recente vencido pelo Atlético Mineiro, do Brasileirão do Fluminense e vejo o que eles tem em comum: são águias, são ávidos por vitórias e tem um corpo técnico convicto de suas táticas e estratégias de jogar. Observando cada jogador, a sua real posição em campo, combinando força, velocidade e técnica.

No Internacional é evidenciado a função dos líderes, das estrelas, e reflete a nulação do conceito de equipe, do conjunto,do coletivo. Até se fala do quesito conjunto, mas são palavras ao vento. Porém as vitórias coloradas passaram sim por um conjunto, todas as vezes que a palavra conjunto se materializou, o Internacional se transformou em águia e venceu seus adversários.

A filosofia de vender os novos talentos, que tem velocidade, vontade, gana de levantar as primeiras taças, em detrimento de jogadores com mais de 30 anos, com seus anos pesando no quesito velocidade, acostumados com badalação, com vitórias e taças do passado, parece um erro incontestável, pois o que irá motivar alguém que já está com a vida ganha e taça no armário?

O futebol moderno pede força, velocidade e técnica, não dando espaços para invenções, mas apostando nos melhores em cada posição.

Acredito que nos falta a filosofia de Equipe, dentro de uma direção de futebol profissionalizada que se reúne e se organiza para vencer. Trabalhando todos os sentidos do grupo , um estilo organizacional e técnico, possibilitando aos nossos jogadores encarar a todos com olhos de águia, fazendo os adversários tremerem, sejam pequenos ou grandes times. Isso depende da profissionalização do futebol, sem amadorismos e sem invenções de ocasião. Planejamento tem que ter início, meio e fim. Pensar em correções de rumo se acaso algo não sair como estimado. Mas prever as possibilidades positivas e negativas. Somos o Sport Club Internacional, estar na primeira divisão é imperativo, mas levantar taça e manter nossa senda de vitórias é nossa vida.

Porém, como Colorado espero, para o próximo ano, que venham as águias, que sejam renovados nossos sonhos, mas que não descubramos no final do Campeonato Brasileiro, que não passamos de galinha mais uma vez.


Fábio Ourique
Sócio colorado, conselheiro do Clube e integrante do movimento Convergência Colorada. Administrador de Empresas, especialista em Gestão Pública.


Twitter: @fabioourique
Facebook: fabio.ourique.9

Um comentário:

Unknown disse...

Bom dia, concordo plenamente precisamos sim de jogadores novos e que a prata da casa seja sim valorizada e não apenas para jogar um ou dois campeonatos e depois ser vendidos. Precisamos que este tipo de jogador seja mantido, pois este sim tem a gana de vitória e vontade para ser campeão, não adianta termos um amontoado de jogadores contratados para defender o nosso clube que ao fim do jogo fique de conversa com jogadores de outras equipes rindo não se sabe do quê, talvez de nós que ajudamos a pagar o salário deles. Presenciei isto com ao final de alguns jogos em empatamos ou perdemos ao final do campeonato e não concordo com esta atitude deste tipo de jogador, isso mostra a total falta de seriedade com o clube e com a profissão que exercem. com certeza espero por dias melhores. Um Feliz Natal e Um Prospero Ano Novo a todos nós e ao nosso Internacional.

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